sábado, 6 de outubro de 2007

E O FOGUETE EXPLODIU NA BARRIGA DO CHEFE...



Quando em 1973, ainda a Empresa onde eu sempre trabalhei, a Radio Europa Livre, funcionava, o nosso chefe, Mr. Harry Black mandou encomendar uma data de foguetes normais e outros de fogo de artifício, para serem lançados no dia da Independência dos EUA, em 4 de Julho.

Os funcionários convidados, poderiam ser acompanhados pelas suas famílias, pelo que eu também lá fui parar ao Centro Emissor da Glória, em Marinhais, ao seu jardim, onde se serviu um belo almoço em pé, aos convivas e aquilo teria de demorar bastante tempo, até que se fizesse noite, por causa dos foguetes de lágrimas.

Assim, mal a tarde começou a escurecer, o nossa Administrador começou a convidar alguém da assistência, para que fossem lançando alguns foguetes, mas não sei porquê, toda a gente se encolhia, pelo que tive de avançar, dado já andar a brincar com pólvoras, desde criança, ajudando meu avô, que era médico e caçador, a carregar os seus imensos cartuchos.

E enquanto eles iam estalando e mais uns morteiros à mistura, a tarde foi escurecendo, até que chegou a altura de alguém iniciar o lançamento dos foguetes de lágrimas, aquelas coisas enormes, com mais de dois metros de comprimento e umas cargas enormes, que mais pareciam garrafas de litro...Aquilo até metia medo !

Verdade seja dita, que eu nunca me tinha visto a lançar umas coisas daquelas, mas como continuava a não aparecer ninguém que se oferecesse para o seu lançamento, lá fui eu, mas tendo arranjado um escadote onde me iria colocar, para que os foguetes saíssem a direito, na vertical, e assim aconteceu.

Subido uns degraus do escadote, um ajudante me entregou um dos foguetes de lágrimas e depois de ter acendido um cigarro, vai de experimentar, o que aconteceu de imediato e, perante aquele ruído intenso do arranque daquela coisa, que mais parecia um foguetão da NASA... fico à espera que ele ganhe força de arranque, e vai disto...larguei-o !

De imediato, muitas palmas de júbilo se ouviram . Aquilo estava mesmo bonito, com todo o Centro Emissor iluminado por mil cores . E logo de seguida outro e mais outro, tudo decorrendo na perfeição.

Ali um pouco afastado de mim, estava um outro colega, chamado Ernesto Gama, que também intentou lançar uns foguetes com bombas, que ainda lá existiam, mas depois de muito soprar no borrão do cigarro, aquilo lá arrancou, mas sem observar que o foguete estava na horizontal e de assustado, largou-o, exactamente na altura em que eu lhe gritava para o por em pé, mas já era tarde...

Ele, certamente que nunca havia largado um foguete, senão nunca o iria largar na horizontal...

Infelizmente, mesmo à sua frente, a uma dezena de metros, estava o nosso Administrador, a apreciar a nossa "coragem", quando o malvado foguete do Gama, vai direito à sua barriga e faz saltar todas as suas bombas por todos os lados, por entre as pernas dos convivas, que aos gritos, saltavam de tal maneira, que mais parecia estarem a dançar o fandango e com gritos de horror...

Mas de imediao, mal se estabeleceu a calma e a fumarada das bombas desapareceu, toda a gente verificou que o pobre do Sr. Black, se encontrava todo curvado e agarrado à barriga, o que muito afligiu toda a gente, até porque ele havia tido um AVC há pouco tempo, mas felizmente que lá se endireitou, e com um sorriso mal enfardado, disse que estava tudo OK e que tudo continuasse...

Infelizmente, para ele, foi o último 4 de Julho que viveu, por ter vindo a falecer no ano seguinte, em 1974.

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